TODO CASAL DEVERIA FAZER


    Ela é uma mulher comum. Casou nova, uma semana antes de completar 21 anos. Marido
apaixonado, companheiro, bonito e inteligente. Uma história que mereceria um conto só pra si.
Todo casal recém casado está familiarizado com uma das primeiras coisas que escuta assim que trocam alianças: e aí? Quando vem os bacuri?* Ninguém lembra que eles ainda são crianças também, que vão primeiro aprender a engatinhar, caminhar e correr como casal antes de aumentar a família. Mas quando perguntam quantos filhos quer ter ela responde: Um? E ele 11!” e assim desconversam...
     “Depois da pós a gente planeja!”, eles combinam. Mas durante a especialização ela começa a passar mal, sentir dores, manchas na pele, fotossensibilidade... e depois de passar por alguns médicos a diagnosticaram com Lúpus. Um médico insensível mesmo sem solicitar todos os exames padrão diz a uma jovem de 23 anos, casada há pouco tempo, que ela não poderá ser mãe. Se não fosse pela doença, seria pelo tratamento. Eles não querem filhos agora... isso não significa que não queiram filhos. Mas aquela notícia fez a cabeça borbulhar.
     Eles decidem procurar outras opiniões médicas, e por um ano e meio ela passa por muitos exames, consultas, dúvidas, medos... e fé. Até que a melhor notícia chega. Como dizia Dr House em quase todos os episódios que eles assistiram:“It’s not Lupus”, e eles respiram aliviados.
Depois do susto, o desejo de conhecer o maior amor do mundo vem com tudo. Agora já sabem, eles querem 2.
     Todo casal que planeja engravidar primeiro se informa (ou deveria). Uma boa conversa com a ginecologista é fundamental, e ela escolhe como doutora uma amiga. Primeira recomendação: melhorar o estilo de vida e parar com o anticoncepcional. E assim ela faz. Já no primeiro mês a menstruação atrasa... será? Tão rápido?
     O primeiro teste de gravidez a gente nunca esquece... Lê e re-lê as instruções: “A maior concentração de BHCG no sangue é pela manhã, por isso recomenda-se fazer o teste com a primeira urina do dia”. É sério que preciso esperar, não tem um que me dê a resposta na hora? Ela pensa. (naquela época não tinha...) Ela dorme já com medo de acordar de madrugada, esquecer-se e não ter xixi suficiente pela manhã. (As tentantes sabem do que estou falando)
     Dia seguinte, o casal apaixonado acorda com frio na barriga, enquanto ele prepara o café da manhã, ela vai ali urinar e já volta. Mas era necessário esperar 5 eternos minutos. 5 minutos depois, apenas uma listra, resultado negativo. O primeiro negativo a gente também não esquece.
     Pelos 6 meses seguintes ela não menstrua. Depois do 3o teste ela já não se preocupa em usar o xixi do intervalo do trabalho, ou quando e onde desse, desde que tirasse a dúvida mais uma vez.
     Os instintos da parentalidade estão tão aguçados que nesse meio tempo eles encontram um filhotinho de gato com 4 dias de vida, mais parecia um rato. “Mas era tão fofinho...” Eles decidem adotar aquele gatinho preto, mesmo sem nunca antes imaginarem ter um bichano. Levam-no ao veterinário, dão de mamar de madrugada, aquecem-no com uma bolsa de água quente, tudo na tentativa de ajudá-lo a sobreviver e dá certo! Depois te um tempo descobrem... é uma menina! O gato... A gata, Nina.
     Após 6 meses de tentativas sem sucesso é preciso investigar as causas de uma gravidez não acontecer, e na consulta recebem mais uma notícia assustadora: ela pode ter menopausa precoce. Se não menstrua também não deve ovular, ou seja, nada de bebês. A última tentativa antes de um exame invasivo é tomar um indutor de ovulação. Otimistas, eles topam.
     O próximo exame foi novamente cheio de esperança e apenas uma listrinha! Na verdade, ela insiste que havia uma segunda, bem fraquinha, quase transparente... era tanta vontade que chegou a ver coisa... será? O exame de sangue confirma o negativo.
     Mas ela é daquelas que quando bota uma coisa na cabeça... meu filho... não tem jeito! E ela sente que algo diferente acontece no seu corpo. Tem estado mais sensível, sente muita sede, umas coliquinhas e outras coisas, mas precisa marcar o tal do exame invasivo. Ela ora... Eles oram juntos todas as noites e no fundo confiam que Deus sabe o tempo perfeito para torná-los pais.
     É Abril, é Páscoa, e em 15 dias ela deverá fazer aquele exame. Como o feriado será prolongado, eles decidem visitar os sogros que moram numa cidade próxima, mais uma dessas coisas que todo o casal deveria fazer.
      A viagem de 1h40m se estende por mais de três e ao chegar lá ela começa a se sentir mal. Pensa que é pelas besterinhas que comeram no carro, ou pelo calor, cansaço...
Assim que chegam ela sente o cheiro de azeite de oliva, o mesmo que usava todos os dias para cozinhar, mas naquele dia o cheiro embrulha o seu estômago e vem as piadinhas... “tá grávida!”.
 Quando a gente tá tentando e não consegue, esse tipo de piadinha desce rasgando... como ela queria que fosse verdade, mas os exames que acabara de fazer provavam o contrário. E eles sabem... que parem com aquelas brincadeiras! Ela pensa, sentindo-se cada vez pior.
     A ânsia pelos cheiros era tanta que precisa comer canja, sem tempero e sem sal. Deve ser uma bela intoxicação... virose... Mas a sogra não dá sossego, insiste com o filho que deverm fazer um novo teste, esse mal estar estava muito suspeito, mas o filho já cansado de consolar a si mesmo e a esposa pede que a mãe pare de insistir, que se acalme pois o bebezinho esperado logo chegaria.
Mas a sogra também é daquelas que ninguém faz mudar de idéia. (talvez por isso que o filho escolheu uma esposa assim), faz o sogro comprar um teste escondido e entregar pra nora que ainda está com aquela pulga atrás da orelha, mas não quer que o marido se frustre novamente. Segredo...
     No sábado a noite toda a família vai para um casamento, como ela ainda não se sente bem, os dois não vão, decidem descansar e assistir um filme juntinhos no sofá, (e todo casal deveria fazer isso exaustivamente antes da chegada dos filhos). Então ela que não se aguenta de ansiedade, diz que irá ao banheiro e vai.
     Do banheiro vai direto para a cozinha, demora um pouco, mas o marido continua concentrado na televisão. Ela o chama, a mesa está posta para uma sopa sem tempero em pratos bonitos. Bem ao centro, escrito com lápis de olho e desenhado com batom (porque foi o que ela encontrou), um coração com os dizeres: “nosso amor é tanto que não cabe mais só em nossos corações.”
     Aquele teste escondido confirmou o que ela e a sogra já desconfiavam, ela está grávida!
O esposo fica em choque. “Você tem certeza?” Acabamos de fazer o BHCG, não vamos nos animar ainda, melhor confirmar amanhã. Então ela o abraça e diz: eu sei que o nosso filho já está dentro de mim, somos pais!
     A notícia traz uma alegria sem tamanho pra toda a família, que Páscoa inesquecível! No domingo da ressurreição os seus sonhos reviveram!
     A teimosia delas a livrara de passar por um exame que poderia trazer algum dano a gestação. A descoberta foi mais emocionante, a espera produziu esperança, a fé, certeza
     Um bebê que chegará para encerrar um ciclo e iniciar outro com muito mais luz.

Um filho... tá aí algo que realmente todo casal deveria fazer!



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